terça-feira, 14 de julho de 2009

sinuca de bico

[...]

- Eu só espero que você ainda tenha amor por mim, independente da forma, entende?
- Se não me deixar pra lá, vai ficar sem aquele cara que te ama incondicionalmente. Se me deixar ir, corre o risco d'eu nunca mais olhar pra você com os mesmo olhos. Você é diferente, sempre foi. Não sei o porquê, inclusive já desisti de tentar entender. Assim como já desisti de tentar adormecer isso, ou alimentar. Resolvi deixar ir...
- Eu vou perder, nos dois casos. Mas aí eu paro e penso no que seria melhor pra tu.
- E se for o contrário? E se for você que vai embora? E eu ficar esperando, esperando, esperando?
- Desistí de quebrar a cabeça com hipóteses. E o que tu esperaria?
- Não sei bem. O que eu espero hoje em dia.
- E o que tu espera hoje em dia?
- Eu poderia dizer "você", mas não seria um verdade completa. Porque isso não é um pensamento válido pra mim atualmente. Acho que eu espero um fantasma. Um fantasma seu, é o que eu espero.

[...]


"não, meu bem, não adianta bancar o distante.
lá vem o amor nos dilacerar de novo". [C.F.A.]

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

"Cada coisa era cada coisa inteira, na união de suas infinitas partes. Mas e as sombras e o reflexos, esses que não se integravam em forma alguma, onde ficavam guardados? Para onde iria a parte das coisas que não cabia na própria coisa? Para o fundo do meu olho, esperando ofuscamento para vir à tona outra vez? Ou entre as próprias coisas-coisas, no espaço vazio entre o fim de uma parte e o começo de outra pequena parte da coisa inteira? Como um por trás do real, feito espírito de sombra e luz, claro-escuro escondido no mais de-dentro de um tronco de árvore ou no espaço entre um tijolo e outro ou no meio de dois fiapos de nuvem, onde?"


Caio F. Abreu